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Partidas local play entre o consumidor e os impostos.
11 de Fevereiro de 2015 Rafael de Oliveira Artigo
"Tendo em vista este cenário econômico brasileiro traçado, além de demais entraves internacionais como o chamado "Risco Brasil", as perspectivas de crescimento de uma empresa estrangeira no país são desfavoráveis, e dependendo da natureza dos negócios, totalmente inviável".

A notícia da saída da Nintendo no cenário nacional tomou uma repercursão considerável não apenas entre os gamers, mas também entre economistas e analistas de mercado. As opiniões sobre a saída da empresa no mercado brasileiro divergem à favor, argumento sustentado devido o estrangulamento da distribuidora diante pesadas cargas tributárias de seus produtos de importação, e contra, consequente à falta de planejamento estratégico da Nintendo em solo brasileiro e forte concorrência da Sony e da Microsoft consolidadas em nosso mercado.

Na prática, as mudanças para o consumidor não serão drásticas, pois boa parte dos gamers já recorrem ao chamado "mercado cinza" há muito tempo, este que sempre existiu. É evidente que, se é possível encontrar um produto pelo preço mais acessível, jamais será desembolsado um valor três vezes mais caro pelo mesmo produto apenas porque este foi fabricado no Brasil! Isso se chama "liberdade de escolha"! Claro, esta liberdade é considerada ilegal para o governo, que a cerceia por meio de regras injustas impostas por agências reguladoras do estado.

Todos sabemos que a livre concorrência deve existir para a natural evolução dos produtos ou serviços prestados. Para continuar disputando o mercado consumidor, as empresas são forçadas a exercer continuamente a melhoria de seus serviços, do contrário são sobrepujadas pela natural preferência do consumidor. Isso é algo irreal para o Brasileiro! Em nossa realidade, não sabemos a diferença qualitativa entre as empresas de telefonia, bancos, companhias aéreas, etc. Existem basicamente dois pontos que corroboram para esta situação: a sociedade, que não é unificada e representada por associações sérias que possibilitam pressionar empresas desqualificadas por meio de boicotes em seus produtos/serviços, e principalmente, a intervenção do estado mediante tarifas de importações proibitivas e agências reguladoras com o objetivo de "proteger" o mercado interno. Ou seja, para o governo brasileiro, o consumidor não deve buscar o preço mais barato para seus bens de consumo, e sim valorizar o produto "made in brazil". Idéias como "o petróleo é nosso", ou a "amazônia é nossa", entre outros absurdos que até hoje são mencionados, como por exemplo a invasão de imperialistas cruéis que tomam conta de nosso país e arrancam impiedosamente o pão do trabalhador brasileiro, ainda são proferidas com todo orgulho tupiniquim. Não por menos, o modelo econômico simbiótico entre iniciativa privada e o Estado de nosso país é influenciado pelos países de economia mais fechada do mundo, como Venezuela, Cuba e Coréia do Norte, muito mais agravante do que a "nacional desenvolvimentista" de antigamente. Ano após ano, as empresas brasileiras se amarram cada vez mais aos planos do governo com fusões forçadas e endividamentos ao BNDS. Tendo em vista este cenário econômico brasileiro traçado, além de demais entraves internacionais como o chamado "Risco Brasil", as perspectivas de crescimento de uma empresa estrangeira no país são desfavoráveis, e dependendo da natureza dos negócios, totalmente inviável.

Qualquer empresa que tenha consecutivamente balanços negativos vão fechar as portas e sair do Brasil, e a Nintendo não teve saída senão desistir. Questões como falhas estratégias de mercado ou localidade de seus produtos não são fatores definitivos para determinar a saída da empresa nipônica no mercado nacional. Por pior que seja a situação da empresa no mercado internacional, a Nintendo sempre vende bem seus produtos, pois o consumidor deseja verdaeiramente desfrutá-los! Ter uma parcela do mercado, mesmo que menor comparada aos concorrentes, não é algo ruim, e situações desfavoráveis podem ser revertidas no futuro. Os títulos tradicionais da Nintendo são clássicos eternos, nunca foi necessário um trabalho de tradução ou dublagem em português para que as pessoas se identifiquem com Mario Kart, Zelda ou Super Smash Bros. O trabalho de localização é muito bem vindo quando feito com competência, mas não é requisito crucial para ter uma boa experiência com os jogos da Nintendo! Quantos casos de dublagem e localização já foram duramente criticados por fãs? Desde os primórdios, a cultura de videogames no Brasil e no mundo sempre foi regrada pelo idioma inglês por padrão, e nunca houveram reclamações imponentes sobre isso. À exemplo das traduções para o português de determinados games de luta, todos os termos que são facilmente identificados pelo idioma inglês foram traduzidos "ao pé da letra", causando estranheza e dispersando a identificação geral com o termo. Ultra Street Fighter IV possui técnicas de jogo como o "delayed wake up", "red focus attack", mas no Brasil os termos foram traduzidos literalmente como "levantamento atrasado" e "foco vermelho" respectivamente. Há claramente uma vaidade descabida quanto a localização de determinados títulos. Recentemente, Mortal Kombat X será dublado em português do Brasil, e existe uma grande chance disso ser desastroso! Basta lembrar-se da dublagem brasileira do primeiro filme: Scorpion diz "venha cá" e "volte até aqui" para o seu tradicional "chega mais" com o harpão! Todos da cultura gamer conhecem o golpe através da voz de Ed Boon com seu inconfundível "get over here"! A tradução para o português deve ser feita de maneira respeitosa e não faltam bons profissionais no ramo, mas infelizmente, um bom trabalho de dublagem por parte de talentosos dubladores brasileiros é desrespeitado graças a falta de discernimento por responsáveis pela adaptação. As empresas estrangeiras nunca vão traduzir literalmente o nome de seus produtos, do contrário isso iria beirar ao ridículo, como comprar um "Grande Mac" no "McDonaldis".

O único argumento criticável à Nintendo no Brasil é sua E-Shop, que infelizmente não aceita cartões de crédito nacionais, mas mesmo assim, a localização não passa de um empecilho, visto que há outros meios para se adquirir seus produtos da loja virtual, como adquirir cartões internacionais pré-pagos nas casas de câmbio por exemplo.

O cenário econômico brasileiro é sim o fator determinante para uma empresa permanecer ou deixar de realizar suas operações no país. O governo e os impostos são sim os maiores inimigos de qualquer empresa internacional instalada no Brasil. A Gaming do Brasil apenas representava a Nintendo em nosso país trazendo seus produtos via importação. Imagine se a Nintendo tivesse investido em uma fábrica mista como fizeram suas concorrentes? Certamente teríamos um Nintendo WIIU à venda no mercado brasileiro em torno de R$ 3.000,00! Vergonhoso para o Brasil é comercializar o Playstation 4 mais caro do mundo! Enganados estão os comerciantes e consumidores brasileiros por acreditar que existe o suposto "4º maior mercado consumidor de games do mundo" para os videogames caseiros!

A chuva de comentários levianos ao tratarem do assunto é alarmante! Alguns comemoram a derrota com típico ufanismo: "A Nintendo vai tarde", ou "A Microsoft e a Sony são as próximas", entre outras brasileirices como "isso mesmo, saiam do Brasil seus capitalistas". Outros colocam o viés político partidário no assunto e destilam ataques "pão com mortadela" ou "coxinha" encaminhando a discussão para a boa e velha rivalidade "Corinthians e Palmeiras", sem antes sequer entender a real situação política e econômica do país em relação ao mundo. Para todas as suas necessidades o brasileiro divide uma boa fatia de suas finanças com o governo e seus elevados impostos: a merecida cerveja no fim do expediente, o tomate de sua macarronada, o limão de sua caipirinha, até mesmo o remédio para curar sua dor de cabeça! Toda esta opressão econômica é vivida diariamente pelos brasileiros. Neste game político, com certeza o governo de nosso país joga com "cheat codes"!

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